sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A FILOSOFIA COMO DISCIPLINA

Quando iniciamos uma reflexão deste teor, precisamos antes saber o papel da filosofia, o que realmente ela é e qual função dela na escola, ou ainda como a escola a enxerga. Primeiro, corremos o risco de reduzir consideravelmente a filosofia quando a equiparamos com as demais disciplinas do currículo escolar, não queremos com isso tirar o valor que as outras disciplinas representam. Mas dizer da abrangência do pensar filosófico, que pode sofrer algum dano quando enquadrado puro e simplesmente nos moldes escolares. Mediante ao que fora posto, o que devemos fazer nessa “situação-limite”? Silvio Gallo nos diz que “é preciso fazer uma filosofia do ensino de filosofia ”, ou seja, não tornar a filosofia apenas uma disciplina conteúdista, mas dar a ela a oportunidade de se mostrar como de fato é – enquanto exercício de busca do conhecimento, por parte daqueles que são os amantes do saber.
Quando encaramos a Filosofia como uma disciplina conteúdista corremos o risco de torná-la, por um lado, História da Filosofia – repassando para os estudantes biografia de filósofos e sistemas – sem nenhum comprometimento com a construção de um pensar crítico. Desse modo, a Filosofia se “iguala” a disciplinas como História e Literatura, por exemplo. É o que geralmente ocorre nas escolas, e não é de se estranhar que nesses casos quem assuma a Filosofia seja professores de outras áreas, especialmente de História. Por outro lado, corre-se o risco – e é o que se constata em algumas realidades - de fazer da aula de Filosofia um espaço de auto-ajuda, apoiando-se em textos com esse objetivo.
O caminho mais seguro para encarar o ensino de Filosofia seria o de despertar o estudante para as “atitudes filosóficas”, de construção mediante o questionamento, a investigação e ampliação do conhecimento. Lembrando que, como dizia Kant, “não se ensina filosofia, mas a filosofar”. Essa deve ser assim o eixo norteador do professor de Filosofia, o que consequentemente fará jus a abrangência da Filosofia.
Partindo ainda da abrangência da filosofia e do fato de trabalhá-la na escola, sem causar nenhum prejuízo, Silvio Gallo aponta
“Há inúmeras filosofias. A primeira tarefa do futuro professor é saber localizar-se nessa multiplicidade e escolher sua perspectiva. Quando ensinamos filosofia, ensinamos por uma perspectiva. O risco é ensiná-las como se fosse toda a filosofia, ou como se fosse a única filosofia, ou como se fosse a melhor das filosofias” .
Para não incorrer na possibilidade de tornar pobre o estudo da filosofia no contexto escolar, Silvio Gallo aponta uma saída plausível,
“O modo mais seguro de escapar dessa armadilha é ter clareza quanto à perspectiva de filosofia adotada e deixar claro para nossos alunos que nos baseamos nela, sem com isso querermos esgotar um campo filosófico” .
Essa perspectiva parece responder aos nossos anseios e a forma de como pretendemos encarar a filosofia enquanto parte integrante do currículo escolar e de modo algum a deixa empobrecida.



Texto e postagem: 

Eudes Henrique

2 comentários:

  1. Estou adorando acompanhar as matérias do Plural Pe, inclusive o mesmo já se encontra em meu blog roll.
    Abraço para a equipe!

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  2. Agradecemos o carinho!
    Também estamos acompanhando o crescimento do Morango Macho, sucesso!

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